segunda-feira, 31 de outubro de 2011


Reunião com Tenente Jackson da Rede de Vizinhos Protegidos reúne mais de 700 pessoas no Cidade Nova em 2010.
17/03/2010

Mais de 700 pessoas participaram, na noite da última segunda-feira, 15, de mais uma reunião para discutir os últimos detalhes sobre a implantação do projeto Rede de Vizinhos Protegidos no Bairro Cidade Nova, localizado na Região Nordeste de Belo Horizonte. 
O encontro, realizado na Igreja Santa Luzia, segundo o seu organizador, Tenente Jackson, do 16º Batalhão de Polícia Militar, "é um esforço entre a sociedade e a PM para diminuir os índices de criminalidade, potencializar as ações da polícia, evitar que o crime ocorra e estimular a autoproteção entre vizinhos.


O Tenente explica que, até agora, foram realizadas seis reuniões, todas com grande participação de pessoas interessadas em participar no processo de defesa social. Nos encontros, ainda conforme o coordenador, foram discutidos os principais problemas de segurança detectados na região e acertadas formas de combatê-los. 

No primeiro momento, a idéia foi conscientizar os moradores do Cidade Nova, buscando uma maior aproximação da comunidade e  tornando-a uma aliada da PM no combate ao crime, destaca o Ten Jackson. 
Como os critérios para a implantação do Rede de Vizinhos já foram praticamente definidos, mais uma reunião, a última, está marcada para o próximo dia 29, também na Igreja de Santa Luzia, à Rua Dr Júlio Otaviano Ferreira, 913, para acerto dos detalhes finais.

O projeto Rede de Vizinhos do Bairro Cidade Nova, coordenado pela 23ª Companhia do 16º Batalhão, após ser implantado, tem a previsão de atender cerca de 5 mil pessoas residentes na Região Nordeste. Conta com a participação de moradores, comerciantes, empresários, autonômos e religiosos. 


MOLA-MESTRA
Solidariedade entre moradores. Esta é a mola-mestra que impulsiona o projeto Rede de Vizinhos Protegidos. Em fase de implantação, o projeto tem como suporte a participação comunitária. O seu objetivo é formar uma rede de vizinhos que se ajudam mutuamente.
No sistema, os moradores são uma espécie de câmeras vivas, ou seja, orientados pela PM, adotam estratégias para se proteger. “A proposta da PM é fazer com que a população utilize táticas pró-ativas para tirar a oportunidade da ação do criminoso”, ressalta o Ten Jackson.

“O modelo sensibiliza as pessoas a ingressarem na Rede de Vizinhos Protegidos, criando a Rede de Verificação e de Vigilância Mútua”, explica o Militar. As pessoas se organizam com o objetivo de coibir as ações dos criminosos, repassando informações de qualquer atitude suspeita, imediatamente para a PM, por meio de celulares, que ficam com coordenadores de turnos de serviços, no sistema 24h, pelo 190 ou pelo Disque-Denúncia 181. 


COMPOSIÇÃO
A Rede de Vizinhos é composta por moradores de um determinado bairro, em grupos de residências circunvizinhas. Como é entrelaçada, uma residência pode pertencer a dois grupos, ou seja cada laço comporta cinco imóveis. No caso de prédios, o laço aborda todo o bloco.

Para que o Rede de Vizinhos obtenha êxito é necessário que cada vizinho conheça os hábitos e mantenha contatos com quem mora ao lado, sabendo a hora que a pessoa sai e volta para casa. É importante que todos os componentes da família e até empregados sejam envolvidos no sistema.

Nas reuniões com a PM, os moradores são orientados sobre as medidas de segurança que devem tomar cotidianamente. Devido aos bons resultados conseguidos em Belo Horizonte, o Rede de Vizinhos Protegidos está sendo experimentado em outras cidades do Estado e até em outros Estados, como Roraima e Santa Catarina. 


DESCONHECIDOS
Pesquisas apontam que pessoas participantes do Rede de Vizinhos, em sua grande maioria, não se conheciam e que, durante boa parte do dia, as ruas estavam sempre desertas. Baseando-se em dados estatísticos, segundo os quais uma grande parte dos crimes era praticada depois que as pessoas saíam para trabalhar, foram feitas reuniões com a finalidade de mudar os hábitos dos moradores. A medida surtiu efeito em pouco tempo.
 

COMO CRIAR A REDE

- Sensibilizar as pessoas, conforme Artigo 144 da Constituição Federal, que diz: "Segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos". A comunidade deve participar das cobranças e do planejamento das ações relativas à segurança. Requer interesse, engajamento e comprometimento das pessoas.
 
- Ingressar na Rede: conjunto de moradores reunidos em grupos de até cinco residências circunvizinhas. Como a Rede é entrelaçada, uma residência pode pertencer a dois grupos. O principal objetivo de cada laço é a integração de todos os componentes. Para tanto, é necessário conhecer o vizinho, seus contatos e até hábitos. Bem estruturada, a Rede proporciona condições mais adequadas para a discussão de problemas complexos, facilitando a tomada de decisões. Após a formação do laço, afixar a placa Residência Monitorada pela PM
 
- Criar a Rede de Verificação: cadeia de contatos de uma residência para a outra. Os integrantes da Rede estabelecem a forma de atuação, considerando horário,  senha e outros fatores relevantes para os moradores. Pode ser feita através de telefone e outras formas de comunicação.
 
- Criar a Rede de Vigilância Mútua: processo de observação do movimento nas imediações da residência vigiada, para detectar a presença de pessoas ou veículos estranhos ou em atitude suspeita. Funcionar como câmera viva - o sinal de perigo é dado através de som (apito, por exemplo) ou  códigos combinados. Em caso de invasão ou flagrante criminoso, os moradores fazem um barulhaço, mobilizando toda a Rede de Vizinhos Protegidos.
 
- Providenciar a melhora da iluminação da rua. Pode ser feito com a instalação de um holofote em pontos estratégicos. A lâmpada pode ser acesa pelo sistema de fotocélula ou outro mecanismo. 


MAIS REDUÇÃO
O bom resultado do Rede de Vizinhos Protegidos pode ser medido com a redução significativa de aproximadamente 64% em algumas modalidades criminosas, em zonas consideradas perigosas dos 14 bairros que receberam o projeto.
 

Entre os crimes que apresentaram redução constam assalto à mão armada a transeuntes,  estabelecimentos comerciais, prédios e residências; arrombamento de veículos e furtos.